Quando convidada a escrever um artigo para esse blog, o primeiro assunto que me veio à mente foi a cozinha gourmet.
A vida moderna e o ritmo intenso de trabalho e a imensa sensação de falta de tempo, o fast food. Os espaços compactos nos privaram da mesa de jantar, toalha de linho e copos de cristal. Estes foram substituídos por bancada, jogo americano e lindos copos de plástico!!!
Com essas modernas aquisições, o hábito de confraternizar durante as refeições foi desaparecendo e com ele o paladar foi sendo colocado em segundo plano, já que os sabores prontos e “plastificados” nos pareciam muito mais práticos.
O prazer imenso de receber amigos, degustar temperos e bebidas, têm sido muito exaltado nos últimos anos. Atrás desse “novo-antigo” hábito, vem a sofisticação e um grande mercado se abre. As empresas de eletrodomésticos lançam a cada momento refrigeradores mais modernos e com mais funções, fornos, coifas. A indústria de utensílios para culinária se encontra num ótimo momento, lançando a todo instante, objetos com diversas funções e de design cada vez mais arrojado.
Mas qual seria o programa de necessidades básico para um Gourmet?
O Gourmet visualiza a cozinha como um grande “laboratório-palco”, onde suas experiências podem se concretizar e onde o “show” pode acontecer.
No setor quente da cozinha, o gourmet necessita um bom fogão com diversidade de chamas para os diversos tipos de cocção, neste quesito, uma boa coifa com um bom poder de sucção e um bom forno, com função de gratinar e estabilidade de temperatura, também fazem parte do pacote.
No setor frio, se faz necessário refrigeração e congelamento em compartimentos separados. Refrigeradores com filtragem de água e produção de gelo, também são presenças importantes.
Utensílios como cubas em inox, boas panelas, misturadores de água quente e fria, bom jogo de facas, e utensílios de preparo.
Além disso tudo, se faz necessário, ainda, que haja bons lugares para receber os amigos, que participam do preparo e degustam os pratos em meio ao bate-papo.
Mas onde entra o arquiteto na cozinha gourmet?
Com essa variedade de objetos e eletrodomésticos, somados a espaços de armazenamento, tudo está muito propensa a se transformar em caos.
Um bom projeto de cozinha inicia-se no zoneamento do ambiente, que se faz em 5 zonas:
- Despensa;
- Armazenagem;
- Higienização;
- Preparação;
- Cocção.
O setor de despensa deve estar sempre na proximidade da porta de entrada, pois é de lá que vêem as compras, neste setor também devem ser colocados refrigerador e freezer, sendo que o refrigerador sempre deve estar mais próximo da área de preparo que o freezer, pois este será mais utilizado. É neste setor que se armazenam os alimentos secos e pacotes fechados, e ainda, é o setor mais indicado para armazenagem de vinhos, sendo em adega climatizada ou não. Normalmente se utilizam armários altos, com prateleiras, de preferência corrediças, para permitir uma melhor visualização dos produtos.
O setor de armazenagem, quase sempre está localizado na parte inferior à bancada, pois é lá que se armazenam panelas, travessas, cerâmicas, louças, objetos em vidro e plástico, além de pequenos eletrodomésticos, que possuem uso mais restrito, como batedeiras, grill, etc. Quando localizados na parte mais baixa da cozinha, o mais adequado é a utilização de gavetas, para melhor acesso ao que se procura.
O setor de higienização é um importante setor da cozinha, pois, é composto por máquina de lavar louças (normalmente 12 serviços), e conjunto pia e torneira, onde são higienizados os alimentos frescos e lavados os utensílios que necessitam reutilização, por isso é importante que a cuba seja dupla, pelo menos, para que uma das cubas possa estar sempre liberada. O misturador também é importante, pois dá a possibilidade de lavagem a quente ou frio, com diferentes tipos de jatos.
O setor de preparação é importantíssimo, pois é lá que acontece a preparação e finalização de pratos. Para tal se faz necessário uma extensa bancada (quanto maior, melhor) que se faz necessariamente de material facilmente higienizável, como aço inox, granito polido, silestone, corian, entre outros. Neste setor, se encontram temperos, tábuas para corte, utensílios de preparo, talheres auxiliares, travessas, balança.
Por fim o setor de cocção, onde a mágica acontece, composto por fornos, fogão, coifa e auxiliado por áreas de armazenamento de frigideiras, panelas, assadeiras, grelhas, talheres de cozinha, luvas para forno, tudo sempre muito acessível, para facilitar os movimentos.
Naturalmente, é necessário pensar na acomodação dos amigos que auxiliam e degustam, através de uma boa bancada com cadeiras ou banquinhos confortáveis, pois a “sessão” costuma ser longa.
Após o zoneamento, é necessário definir a “cara” do ambiente, que pode ser moderno, sofisticado, rústico, divertido. Essa variação vem da personalidade de quem utiliza o ambiente. Pois a impressão da cozinha, geralmente reflete também nos pratos preparados. E possível utilizar madeira bruta e tijolos aparentes em uma casa de campo, por exemplo, o que combinaria muito bem com os pratos de caças e carnes raras.
Mas hoje, o mercado dispõe de uma imensa variedade de materiais disponíveis, em vidro, aço inox, pedras naturais, materiais sintéticos. Basta saber utilizá-los com bom senso para que se obtenham resultados, que podem ser surpreendentes.
Matéria escrita por Kênia do Espirito Santo – ArquitetaConfira nossas ofertas de itens para Cozinha!